Friday, October 27, 2006

(texto antigo)

A Vingança dos Nerds

Pra quem mora em Nova Iorque ter um Apple já não é nem mais uma questão de comodidade – é uma necessidade estilística. Andar pela rua carregando um arcaico Disc-Man é uma afronta a moda dominante de iPods da maioria dos habitantes - um pode se sentir andando de como um sujeito que anda vestido com uma camiseta do Bon Jovi em meio a uma multidão em um show do Motorhead.

Eu como sempre quis ser um cara fashion comprei um apple - um Powerbook G4; mas como eu sou chinelão, comprei usado – 800 dólares. O que foi uma burrice visto o que viria a seguir. De cara já gastei mais 130 dólares pra botar um cartão Airport pra que eu pudesse ter Internet sem cabo. Bom, ate aí tudo bem, visto que eu comecei a fazer parte daquela malandragem nova-iorquina, que se aloja em um café e sintoniza seu laptop na internet e fica por lá escrevendo, escutando musica ou sei lá eu o que.

Passou um mês e o computador começou a dar pau. Nada pra me apavorar, trancava as vezes. E foi assim por mais um mês. Ai o negocio começou a ficar assustador. O computador iniciava, mas a tela não ascendia. Foi então que eu descobri que num certo angulo, botando ele em cima das minhas coxas a tela ascendia. Mas dai tinha um outro problema - eu não poderia mexer o computador, pois o mais leve movimento faria com que ele congelasse novamente. O que criou uma rotina esquisita em que eu ligava o computador em cima das minhas coxas e levava ele com todo cuidado ate o topo da mesa. Nem sempre funcionava. As vezes eu simplesmente ligava ele e funcionava sem problemas, mas tinha vezes que ele teimava.

Um dia levei o laptop na loja da Apple no SoHo. O técnico levantou ele no ar, virou de cabeça-pra-baixo e nada, funcionou sem problemas. "Filho duma puta" pensei olhando praquele computador ligando e desligando sem dar um "ai" sequer. Depois da quarta tentativa ligando e desligando ele eventualmente deu um pau, e depois de um rápido exame disse que ali nada poderia ser feito, a não ser que eu quisesse mandar pra fabrica da Apple em Kentucky. "Tem garantia?" perguntou o nerd da Apple. Eu sorri e respondi "imagino que não". Queria dar com a cabeça na parede. Custaria uns trezentos e poucos pra mandar arrumar. Resolvi ficar com aquela porcaria do jeito que estava.

Se passou dois meses e o computador pareceu ter dado uma melhorada. Me acostumei em nem tentar mexer nele - mas pelo menos agora eu botava ele em cima da mesa e ele ligava quase sempre. Ate que na semana passada ele voltou a piorar. Só que dessa vez ele foi ficando cada vez pior, trancava com a mais leve batidinha na mesa, e eu já teclava o teclado com toda a delicadeza possível a um ser que tem os dedos do tamanho dos meus.

Sexta-feira foi o último dia que eu fiz ele funcionar, depois disso comecei a me deprimir, ele ligava mas ficava uma tela cinza ou azul. Eu implorava por um sinal de vida pra que eu pudesse fazer um backup das minhas músicas e textos, e nada da geringonça funcionar.

Hoje de manhã ao chegar ao trabalho, me mandaram levar o iPod de um dos meus chefes ate a Teskserv, uma loja com assistência técnica autorizada da Apple na Rua 23. Me disseram que ele estaria na sessão de computadores quebrados. Resolvi já botar o meu na fila pra uma avaliação. Ia demorar uns quarenta minutos pra eles me atenderem, peguei uma ficha e fui até a esquina depositar uma grana no Citibank. Ao voltar tive de esperar mais uns quinze minutos. Meu chefe ainda tava aguardando ser chamado - o iBook dele tinha um problema parecido, só – claro; o dele tinha garantia. Um nerd magrinho analisou a aquela minha porqueira velha. O diagnóstico era o mesmo, dava pra arrumar se mandasse pra Apple em Kentucky. Sairia pela bagatela de 395 dólares. Voltei até o escritório e comecei a pensar. Liguei pro meu pai pra debater o assunto. Decidimos que eu pagaria os tais 395 e que depois eu venderia essa porcaria por uns 800 paus. E que com a grana que eu tivesse eu compraria um novo. Eu poderia ter comprado um novo por 1300 dólares - que é o que, no final das contas, vai custar essa brincadeira toda. Mas fazer o que – agora a cagada já tava feita. A idéia agora era adquirir um G5, mas ate lá tem tempo.

Voltei na loja e esperei na fila de novo . Veio um outro geek. Tive que explicar tudo de novo. O cara olhou pro computador ligou, uma vez e nada, ligou outra vez e não e que a merda ligou. Tirei o meu Drive externo da mochila e pedi pro cara pra um minuto pra fazer um backup dos meus arquivos. Por alguns instantes eu rezei pra que não aparecesse alguma mensagem que dizia "Transferindo Arquivo loira_gostosa_peituda_gemendo gritando_que_nem_uma doida_ sendo comida por um cara com_pau_do_tamanho enorme que parece mais de um jumento.mpeg". Ou alguma esquisitísse dessas. Enfim. Pude salvar todos os meus arquivos mais importantes. O nerd pegou o computador e levou pra uma área mais ao fundo da loja onde um japonês começou a bisbilhotar no computador. O nerd volta do fundo com o computador mais uma vez. Dessa vez ele me mostra um amassadinho na lateral e um risco na parte de baixo, que eu nem tinha percebido e me larga a noticia bombástica. O pessoal da Apple em Kentucky vai ver esse computador e que há a possibilidade de eles acharem, caso o técnico acorde de mau humor, que o computador foi "abusado", e que sendo assim, eles não fariam o concerto por esse valor de 395. O valor do concerto de um computador "abusado" iria para uns 1020 dólares. E tem mais, caso os caras decidam que os amassadinhos na lateral e o risco em baixo indicam de certo um “abuso”, eu poderia optar por não fazer o concerto, mas que daí eu teria de pagar 200 dólares que viria a ser uma taxa por recusar o computador.

Uma longa pausa. Eu respiro fundo. O Nerd me olha de um jeito, "É, meu velho". Eu pressiono os lábios e faço um "Mmmm". Ficamos eu e o nerd nos encarando por uns bons 15 segundos. "Fuck it" falei pro nerd.

Vou mandar essa merda e pagar os 395 e se eles não quiserem eu ligo pra eles e fico pentelhando pelo telefone ate eles encherem o saco da minha voz. Fui ate o Citibank na esquina e tirei 400 paus da minha conta. Paguei o geek e saí de cabeça entre os ombros olhando para os iPods da vitrine e uma câmera Cannon XL2, lamentando pra minha consciência.

Ao ir embora pra casa, coloquei o CD do Elliot Smith no disc-man pra ver se me animava um pouco. Tava chovendo na rua. O CD começou a pular.


Hoje:
Depois do concerto, a merda do computador funcionou como novo por um tempo e voltou a ficar capenga logo mais. Deixei el nos Estados Unidos na casa de uma ex-namorada.
Morando em Porto Alegre, tenho um MacBook Pro, não tenho o G5, tenho um iPod de 30 GB e a câmera Cannon XL2 é um tanto ultrapassada. Outra coisa - pra quem não sabe, o Elliot Smith se matou com uma facada no peito.

Wednesday, October 25, 2006

Pensamentos profundos

Outro dia eu sonhei que comia a tenista Maria Sharapova. Lá pelas tantas ela me pediu que eu mandasse nela um doggy style. Tive uma tremenda dificuldade. Me senti como um Fox magricelo tentando montar numa cadela da raça Dinamarques. Peguei um pequeno banco que tenho no meu quarto. Aquela mulher mal cabia na minha cama. Me fez lembrar a piada em que o macaco aposta com o outro que poderia comer a elefoa (?) enquanto o macaco bombeava feito um pornstar símio o colega de cima da árvore resolve jogar um côco na cabeça da elefoa (?) que protesta levantando a tromba e largando um grunido. O macaco lá de baixo se empolga e grita "goza, puta!"

"fluuuussssssssssshhhhh"... (barulho da descarga)

Friday, October 20, 2006

Right Where It Belongs

(To com essa música do Nine Inch Nails na cabeça.)

See the animal in it's cage that you built
Are you sure what side you're on?
Better not look him too closely in the eye
Are you sure what side of the glass you are on?
See the safety of the life you have built
Everything where it belongs
Feel the hollowness inside of your heart
And it's all
Right where it belongs

[Chorus:]
What if everything around you
Isn't quite as it seems?
What if all the world you think you know
Is an elaborate dream?
And if you look at your reflection
Is it all you wanted to be?
What if you could look right through the cracks?
Would you find yourself
Find yourself afraid to see?

What if all the world's inside of your head
Just creations of your own?
Your devils and your gods
All the living and the dead
And you really are alone
You can live in this illusion
You can choose to believe
You keep looking but you can't find the woods
While you're hiding in the trees

[Chorus:]
What if everything around you
Isn't quite as it seems?
What if all the world you used to know
Is an elaborate dream?
And if you look at your reflection
Is it all you wanted to be?
What if you could look right through the cracks
Would you find yourself
Find yourself afraid to see?

Nine Inch Nails Lyrics