Friday, September 29, 2006



O Allan Sieber que me desculpe - vou ter que roubar essa tirinha dele. Diz muito a meu respeito. Interpretem como quiser.

Monday, September 18, 2006

Baladinhas

Quando viu a luz amarela no sinal ele diminuiu a velocidade. E antes que a luz fosse pro vermelho o carro já estava parado na faixa em ponto-morto. Quando Don’t Think Twice It’s Alright do Bob Dylan começou a tocar no CD ele já pensava em Mariana – só não tinha percebido até então. Recapitulou as poucas palavras que disseram um ao outro – “Tu passa aqui em casa?” “Te pego as nove.” Antes disso foram mais frases esquivas. Tudo com um certo bom humor, tinham combinado de irem juntos ao aniversário de uma amiga. Mas nada daquilo era o que ele queria dizer. O que não foi dito era que ele não estava nem um pouco interessado naquela amiga dela. Ele queria dizer que gostaria viajar com ela pra um sítio em São Francisco de Paula, ou pra Praia do Rosa, deitar na grama, ou na rede, dividir os fones do iPod e ficar dedicando músicas como um programa de rádio cafona. “Tu conhece essa?” E muito estrategicamente entra o Van Morrison cantando Astral Weeks ou o próprio Dylan cantando You Belong to Me – da trilha do Assasinos por Natureza; The Cure com Pictures Of You ao vivo, Small Sins com Stay, Bloc Party com Blue Light. E no segundo seguinte não pensou em mais música alguma. Sofreu “com a alma atarantada”, mesmo não tendo passado em momento nenhum pelo seu pensamento o famoso blues tremendão Erasmo Carlos – mas sim a razoável noção de que essas situações não sairiam do campo da sua imaginação. “O merda”, lamuriou pra si.

A buzina do carro de trás o acordou para a luz verde no sinal. Antes de engatar a primeira, percebeu que o vidro já começava a embaçar e lamentou com um suspiro por estar frio e chuvoso em Porto Alegre.

Ao final da Avenida Getúlio Vargas, antes de entrar a esquerda na José de Alencar, Bob Dylan vai começar a cantar Lay, Laydy Lay, e ele vai estar completamente apaixonado por Mariana. Imaginando ouvir com ela o barulho do mar misturado ao do ventilador em algum feriadão de novembro. Ela deitada pelada do lado dele com marquinhas brancas do biquíni.

Thursday, September 14, 2006

Check this shit out!!!

Monday, September 11, 2006

Isso É Mais Difícil do Que Eu Imaginava

Fevereiro de 2005

Hoje era o meu dia de folga. Segunda-feira. Mas me chamaram pra trabalhar de qualquer jeito. Não sei porque. Nevou pra caralho desde o meio dia. O que indicaria que seria uma segunda-feira muito fraca em qualquer restaurante de Manhattan. Mas eu fui de qualquer maneira porque também eu nao tava fazendo porra nenhuma em casa. Não. Mentira. Na
verdade eu tenho ocupado meu tempo com algumas coisas que, a principio, podem parecer pouco interessantes, mas que, vai saber. Desde que comprei meu laptop-G4-usado nao desgrudo da internet. Tenho tido conversas longas no MSN sobre assuntos semi-futeis, ou quase-intelectuais com mulheres lindas que provavelmente não me dariam a menor pelota não fosse pelo detalhe de estarem a meio planeta de distancia de mim. Tenho também desenvolvido uma pesquisa científica nos mais diversos sites pornográficos do planeta - um estudo antropológico, vamos colocar dessa maneira. E que antros!

Tem também um outro passatempo que eu adquiri neste ultimo final de semana. Poemas de geladeira. Eu explico. Pra variar, sempre que eu entro na Barnes & Noble eu acabo marchando numa grana - o que vem a ser pelo menos duas vezes por mês. Como nesse sábado eu andava meio duro acabei comprando por 9 dólares um conjuntinho de imãs de geladeira com diversas palavrinhas, que se podem combinar fazendo as mais diversas frases. Na minha primeira tentativa escrevi: "Let me begin to entertain you with beautiful words of magic, romance, mystery and ancient wisdom" (que quer dizer - 'Deixe me
começar a entrete-los com belas palavras de magica, romance, misterio e sabedoria anciã'). Na minha segunda tentativa escrevi: "This is more difficult than I imagined" ('Isso é mais dificil do que imaginei'). Meu roommate Seth chegou em casa mais tarde e escreveu uns poemas de verdade. Um pouco mais profundos.

Bom. São 12:26 da madrugada de terça feira. Estou sentado na minha cozinha tomando um vinho do porto e retomando o meu habito de relatar os acontecimentos da minha vida. Lutando arduamente pra não voltar ao meu estudo antroponológico.

Anyway. No caminho de volta pra casa, defendendo o rosto dos flocos de neve assassinos que voavam com violência contra o meu rosto eu me imaginava na cozinha de minha casa, tomando um porto, olhando a melancolia da neve e o silencio dessas noites - e me via dentro de um conto do Sérgio Faraco. Só faltava um cigarro - não que eu fume (eu na verdade odeio cigarro), mas ficaria mais gráfico. Aquela fumaça - aquele ar maldito. Enfim.

Caminhava pela oitava avenida ouvindo o CD do Portishead. Meu sobretudo preto voava, quase em câmera lenta - eu diria uns 36 quadros por segundo. Dei um tapa no meu casaco pra tirar um pouco da neve e acabei desligando o meu Disc-Man. A pilha tava fraca e portanto não ligou mais. Entrei numa Deli pra comprar novas pilhas, mas parei por um minuto folheando o New York Times. O mexicano-careca-tatuado que estava no caixa perguntou se eu iria comprar o jornal. Respondi com firmeza que iria comprar - apesar de não querer comprar comprar a porra do jornal. Voltei para o Brooklyn no trem L lendo a cobertura do Oscar, com a importância merecida que só o New York Times poderia dar a um evento desses - quase nenhuma. Duas paginas.

Nas cinco quadras entre a estacao do metro e a minha casa, pisando na neve fazendo aquele barulinho "prrff-prrfff-prfff" em cada pegada que eu dava pensei em muitas coisas. Pensei em fevereiro. Lembrei do meu pai me ligando de na beira de praia em Garopaba. Lembrei de tudo que eu tinha que lembrar de escrever antes de esquecer. Tentei me lembrar do Carnaval, mas o que veio na minha cabeça foi o show do Sérgio Mendes que eu vi no Blue Note no inicio do mês - pensei "sai da minhá frente que eu quero passar". Lembrei que ha uma semana eu fiz mais um aniversário e que eu tô com vinte e nove, quase trinta e só o que eu consigo pensar nessas horas é "bah!" E duma hora pra outra eu simplesmente paro de pensar em tudo isso. Era bem na esquina da Graham com a Montrose. Eu tive uma idéia - queria fazer um vídeo naquela mesma noite. Um vídeo sobre essa noite de nevasca, em que eu intercalaria cenas melancólicas da noite fria com os poeminhas de geladeira. Mas o Seth, meu roommate que e dono da camera não tava em casa. Acabamos combinando por telefone de fazer o video amanhã. Espero que neve. Me fez lembrar uma redação que eu fiz na segunda serie do primário no Anchieta - se chamava "O Dia Frio". Ganhou um elogio da professora e meu vô enquadrou e ate hoje tá pendurada na parede do sitio de São Francisco de Paula, ao lado das boleadeiras e de uma foto que imagino ser do Albert Camus. Mas também posso estar enganado - com
quase trinta a memória já falha.

(Suspiro). Acho que vou pro meu quarto voltar pro meeu estudo antropológico. Boa Noite.


Marcello Lima
Brooklyn NY
Primeiro de Marco de 2005

Let's see...


eu estou tentando reaver o meu blog velho - já que a tentativa de um novo não rolou... Bom - lá vou eu... Vou botar uma foto pra ver se essa josta funciona mesmo...

aí!