Thursday, November 30, 2006

Pequenos prazeres no dia-dia.

Ir a loja de sabonetes no shoopping (aquela que tem um forte odor) e aliviar os gases da comida chinesa.

Manual da guerrilha urbana.

Tuesday, November 28, 2006



Another One bites the dust.

Mestre Jece Valadão.
(1930 - 2006)

Tuesday, November 21, 2006



A Very Long Engagement

Robert Altman

1925 - 2006

Wednesday, November 08, 2006

Praia de Atlântida. Janeiro de 2006. Depois de uma tijelinha de açaí, a caipirinha desceu que foi uma beleza. A essa altura eu já sou o centro das atrações no pequeno grupo sentado à beira mar. Já não sabia em quantos estava a platéia. A atração daquele fim de tarde eram as minhas aventuras em Nova Iorque. E eu abusava da linguagem em gestos expansivos, abanava as mãos e descrevia tudo carregado de efeitos sonoros. Até que alguém tocou em um assunto delicado – algo que não comento assim com cada um. Algum amigo boca-grande andou falando mais do que devia e nesse instante eu era pressionado por meus expectadores para finalmente trazer a tona à verdade. Então, virei o que restava da segunda caipirinha, chupando os últimos pedacinhos de limão. Os olhos de todos aguardavam com suspense –finalmente eu quebrei o silêncio comecei a contar tudo sobre…

O Dia em que Eu Comi A Gisele Bündchen.

Era uma segunda-feira de setembro. Uma noite abafada. Eu acabara de arrastar as pernas pra fora do bar. Já tendo bebido um pouco mais do que o além da conta. Caminhando perdido por algum lugar que já não sabia bem se era o Meat Packing District, Chelsea ou Hell’s Kitchen. Eu apenas caminhava com a cabeça perdida em algum projeto que logo viria a ser esquecido pra sempre, cantarolando uma música do Tom Waits e admirando os prédios Pré-Segunda-Guerra do West Side de Manhattan. Acho que apenas procurava ocupar a minha mente o suficiente para distrair a mente do fedor dos frigoríficos, e da minha vontade absurda de mijar. Os caminhos da nona avenida por aquela hora eram demasiado iluminados e eu escaneava a superfîcie em busca de um cantinho discreto pra me esconder da polícia e tirar a água do joelho.

Lá pelas tantas uma cadela York Shire quase me mata de susto com um latido estridente. (nesse momento alguém na platéia em Atlântida interrompe tentando advinhar o resto da história – ‘calma’ eu digo ‘já chego lá’). Mas o bicho, que latia feito um danado, estava amarrado pela coleira em frente a uma Deli 24 horas. Paro naquele instante e fico encarando a fera que me mostra os dentes e rosna com uma ira assustadora para um animalzinho daquele porte. De dentro da Deli eu ouço a voz da dona do cachorro intervindo. “Vida, não!”!

“Vida?” Pensei. Não pode ser. Virei pra conferir a dona. Era. “Feia!” Completou ela. E constatei que aquele adjetivo, vindo daquela boca, era algo que deveria ferir profundamente os sentimentos da cadelinha. Gisele a pegou no colo e me pediu desculpas.

- Sorry. Me diz ela. E se voltou mais uma vez pra cadelinha e emendou ‘Stupid bitch’.

- It’s alright. Respondi. Em inglês pra não entregar minha origem.



A cadela Vida parecia estar mais calma agora. Balançava o pedaço de rabo que ainda tinha e tentava pular pra lamber a Gisele. Tentei fazer uma festinha no bicho, mas ele ficou nervoso. Deu outra rosnada e foi repreendido por um “óóóhh”. Fui aproximando os dedos devagarinho fui deixando a cadela sentir o meu cheiro, até que, quando mais dócil, lambeu a ponta dos meus dedos me dando um voto de confiança

A essa altura meus olhos já haviam desviado da cachorra e ficavam vidrados naquele maravilhoso par de peitos que davam conforto a nossa pequena Vida. Os olhos de Gisele também estavam fixos em meu peito – porém o seu objeto de desejo era a camiseta que eu usava. A estampa que dizia “The Girl From Ipanema” lhe havia cativado.

- That is so cool. Elogiou Gisele.
- Thanks. Agradeci.

E continuamos no nosso papo em Tecla SAP.

- Onde você conseguiu? Ela pergunta.
- Eu ganhei de uma ex-namorada. Ela era brasileira – adoro mentir nessas horas.
- Que legal. Eu também sou brasileira.
- Deu pra perceber. Essa resposta eu achei ótima.
- Quer dar pra mim? Pede ela.
- No way! Veio automático.
- C’mon! Ela insistiu.

Ela realmente gostou da camiseta. Botou a cadelinha no chão e fez um beicinho de pidona. Me senti no poder da situação.

- Forget it.

Ela começou a caminhar e eu a puxei pela mão perguntando onde é que ela ia. “Pra casa” disse ela – “Você me dispensou completamente.” Completou a Gisele com um sorriso.

- Nããããooo… Eu te acompanho até em casa. Insisti.

E ela aceitou a gentileza e me estendeu a mão me passando sua sacolinha de compras para eu carregar.

- Me vende então. Ela continuou.
- No. Respondi rindo.
- Te dou o que você quiser.

É agora, pensei.

- Me da um beijo.

Ela caiu na risada. Parou de caminhar, me olhou nos olhos por um minuto. Constatou que a cadelinha cheirava o meu velho tênis e respondeu.

- Ok.

E me deu um beijinho rápido na bochecha.

- Pfffff… Isso não compra nem a minha pulseira.
- E agora?

Beijou devagarinho quase no canto da minha boca.

Tirei a pulseira. Pensei “droga, paguei 20 paus por essa merda – é mais cara que a camiseta”. Gisele Bündchen está ha um palmo de distância do meu rosto, meu coração parece que vai pular pra fora e as palmas da minha mão suam como se eu fosse bater um pênalti na final da Semana Anchietana. Numa sacada heróica, eu controlei o nervosismo lhe entregando a pulseirinha.

- Not Enough. (Não basta).

Ela analisou a pulseira, me olhou com uma cara de quem pensava “filho da puta…” Consultou o movimento na rua enquanto eu alisava a estampa da camiseta. Então. Em bom e claro português, ela exclamou sorrindo.

- Que merda.

E me beijou na boca devagarinho. Quando ela ia sair eu a puxei pelos cabelos e meti o linguão pra dentro. ‘Shhhlleewwwbss’. E assim a coisa foi esquentando. Peguei ela pela cintura e colei aquele corpaço multimilionário nessa velha carcaça pesada e suja. A sintonia era perfeita. A cadela começou a latir. Gisele a calou com um chute que o cãozinho replicou com um “caiiiin”.

Após 5 minutos de pegação, mãos na bunda e um discreto beijinho no peito, caminhamos uma quadra e meia. Durante esse percurso fizemos as devidas apresentações. Eu, obviamente, menti. Disse que era filhos de italianos, mas que tinha nascido na Lituânia. Caso ela desconfiasse do meu sotaque, que embora discreto, ainda existe. Quanto a minha profissão. Bartender no West Village. Imaginei que se eu me apresentasse como cineasta não impressionaria ela nem um pouco. E também acho que a Gisele tava a fim de descolar alguém longe dos seus círculos profissionais.

Ao chegar à porta do luxuoso edifício, um japonês uniformizado segurava a porta. Ela hesitou por alguns instantes e antes que ela falasse qualquer coisa eu fui entrando. Não olhei pra trás até estar dentro do elevador. Ela me seguiu meio que a contra gosto.

- Qual o andar? Perguntei.
- Penthouse. Ela respondeu.
Que pergunta mais idiota. Era óbvio que era a cobertura. Dentro do elevador ela me falou que era pra eu ficar só um pouquinho porque… Antes que ela terminasse de falar eu já estava agarrando ela mais uma vez.

Quando entrei na cobertura não sabia bem pra onde olhar – se para a vista de Nova Iorque ou para a vista que tinha daquele monumento da natureza.

- E aí? Me pergunta alguém na praia de Atlântida.
- E aí que rolou. Eu respondo - Comi.

O que se seguiu foram protestos e risadas da roda à beira do mar. Queriam detalhes, detalhes detalhes. Eu disse que não – essa parte eu não conto. A insistência era ferrenha. Me chamaram de sacana. Eu parei por um minuto e deixei o suspense no ar mais uma vez. Ninguém dava um piu. Todos queriam saber como tinha sido o meu grande momento.

- Eu só digo duas palavras.

E fiz uma longa pausa dramática. Olhos e ouvidos atentos a minha história. Todos prestando atenção? Aí vai:

- Hägen Daz.

O silêncio perdurou mais um pouco até que caísse a ficha do pessoal. E de repente, a platéia veio abaixo. Começaram a bater palmas. Eu me levantei da cadeira de praia e me curvei agradecendo o público. “Obrigado, obrigado..."

- Peraí, peraí. Outro expectador interrompeu - E a camiseta? Ela ganhou a camiseta?

Aha. Essa é a melhor parte. Sim. Ela ficou com a camiseta. Mas como eu não poderia descer sem camisa no saguão do prédio luxuoso, fui obrigado a pegar uma do namorado dela – O Leonardo. Cara mais cafona, não tinha nada que prestasse.

Tuesday, November 07, 2006

Pelo visto, há algumas pessoas que ainda lêem isso daqui...

então, estejam convidados...

Nessa quarta, dia 8, tem mais um PapoCabeça na Casa de Lou-lou. O tema dessa vez é CINEMA E LITERATURA. Para discutir a questão, o cineasta Carlos Gerbase, o escritor Paulo Scott e videomaker Marcelo Lima. Mediação da Carol Teixeira.

O quê? Debate pop-filosófico que tem como objetivo trazer a reflexão para a mesa de bar.

Onde? Casa de Lou-lou, na rua Mariante 170

Hora? 20:00

Quanto? R$ 5,00

Chega cedo para pegar mesa!

então tá!


Capa da MAD

Que maravilha!

Friday, October 27, 2006

(texto antigo)

A Vingança dos Nerds

Pra quem mora em Nova Iorque ter um Apple já não é nem mais uma questão de comodidade – é uma necessidade estilística. Andar pela rua carregando um arcaico Disc-Man é uma afronta a moda dominante de iPods da maioria dos habitantes - um pode se sentir andando de como um sujeito que anda vestido com uma camiseta do Bon Jovi em meio a uma multidão em um show do Motorhead.

Eu como sempre quis ser um cara fashion comprei um apple - um Powerbook G4; mas como eu sou chinelão, comprei usado – 800 dólares. O que foi uma burrice visto o que viria a seguir. De cara já gastei mais 130 dólares pra botar um cartão Airport pra que eu pudesse ter Internet sem cabo. Bom, ate aí tudo bem, visto que eu comecei a fazer parte daquela malandragem nova-iorquina, que se aloja em um café e sintoniza seu laptop na internet e fica por lá escrevendo, escutando musica ou sei lá eu o que.

Passou um mês e o computador começou a dar pau. Nada pra me apavorar, trancava as vezes. E foi assim por mais um mês. Ai o negocio começou a ficar assustador. O computador iniciava, mas a tela não ascendia. Foi então que eu descobri que num certo angulo, botando ele em cima das minhas coxas a tela ascendia. Mas dai tinha um outro problema - eu não poderia mexer o computador, pois o mais leve movimento faria com que ele congelasse novamente. O que criou uma rotina esquisita em que eu ligava o computador em cima das minhas coxas e levava ele com todo cuidado ate o topo da mesa. Nem sempre funcionava. As vezes eu simplesmente ligava ele e funcionava sem problemas, mas tinha vezes que ele teimava.

Um dia levei o laptop na loja da Apple no SoHo. O técnico levantou ele no ar, virou de cabeça-pra-baixo e nada, funcionou sem problemas. "Filho duma puta" pensei olhando praquele computador ligando e desligando sem dar um "ai" sequer. Depois da quarta tentativa ligando e desligando ele eventualmente deu um pau, e depois de um rápido exame disse que ali nada poderia ser feito, a não ser que eu quisesse mandar pra fabrica da Apple em Kentucky. "Tem garantia?" perguntou o nerd da Apple. Eu sorri e respondi "imagino que não". Queria dar com a cabeça na parede. Custaria uns trezentos e poucos pra mandar arrumar. Resolvi ficar com aquela porcaria do jeito que estava.

Se passou dois meses e o computador pareceu ter dado uma melhorada. Me acostumei em nem tentar mexer nele - mas pelo menos agora eu botava ele em cima da mesa e ele ligava quase sempre. Ate que na semana passada ele voltou a piorar. Só que dessa vez ele foi ficando cada vez pior, trancava com a mais leve batidinha na mesa, e eu já teclava o teclado com toda a delicadeza possível a um ser que tem os dedos do tamanho dos meus.

Sexta-feira foi o último dia que eu fiz ele funcionar, depois disso comecei a me deprimir, ele ligava mas ficava uma tela cinza ou azul. Eu implorava por um sinal de vida pra que eu pudesse fazer um backup das minhas músicas e textos, e nada da geringonça funcionar.

Hoje de manhã ao chegar ao trabalho, me mandaram levar o iPod de um dos meus chefes ate a Teskserv, uma loja com assistência técnica autorizada da Apple na Rua 23. Me disseram que ele estaria na sessão de computadores quebrados. Resolvi já botar o meu na fila pra uma avaliação. Ia demorar uns quarenta minutos pra eles me atenderem, peguei uma ficha e fui até a esquina depositar uma grana no Citibank. Ao voltar tive de esperar mais uns quinze minutos. Meu chefe ainda tava aguardando ser chamado - o iBook dele tinha um problema parecido, só – claro; o dele tinha garantia. Um nerd magrinho analisou a aquela minha porqueira velha. O diagnóstico era o mesmo, dava pra arrumar se mandasse pra Apple em Kentucky. Sairia pela bagatela de 395 dólares. Voltei até o escritório e comecei a pensar. Liguei pro meu pai pra debater o assunto. Decidimos que eu pagaria os tais 395 e que depois eu venderia essa porcaria por uns 800 paus. E que com a grana que eu tivesse eu compraria um novo. Eu poderia ter comprado um novo por 1300 dólares - que é o que, no final das contas, vai custar essa brincadeira toda. Mas fazer o que – agora a cagada já tava feita. A idéia agora era adquirir um G5, mas ate lá tem tempo.

Voltei na loja e esperei na fila de novo . Veio um outro geek. Tive que explicar tudo de novo. O cara olhou pro computador ligou, uma vez e nada, ligou outra vez e não e que a merda ligou. Tirei o meu Drive externo da mochila e pedi pro cara pra um minuto pra fazer um backup dos meus arquivos. Por alguns instantes eu rezei pra que não aparecesse alguma mensagem que dizia "Transferindo Arquivo loira_gostosa_peituda_gemendo gritando_que_nem_uma doida_ sendo comida por um cara com_pau_do_tamanho enorme que parece mais de um jumento.mpeg". Ou alguma esquisitísse dessas. Enfim. Pude salvar todos os meus arquivos mais importantes. O nerd pegou o computador e levou pra uma área mais ao fundo da loja onde um japonês começou a bisbilhotar no computador. O nerd volta do fundo com o computador mais uma vez. Dessa vez ele me mostra um amassadinho na lateral e um risco na parte de baixo, que eu nem tinha percebido e me larga a noticia bombástica. O pessoal da Apple em Kentucky vai ver esse computador e que há a possibilidade de eles acharem, caso o técnico acorde de mau humor, que o computador foi "abusado", e que sendo assim, eles não fariam o concerto por esse valor de 395. O valor do concerto de um computador "abusado" iria para uns 1020 dólares. E tem mais, caso os caras decidam que os amassadinhos na lateral e o risco em baixo indicam de certo um “abuso”, eu poderia optar por não fazer o concerto, mas que daí eu teria de pagar 200 dólares que viria a ser uma taxa por recusar o computador.

Uma longa pausa. Eu respiro fundo. O Nerd me olha de um jeito, "É, meu velho". Eu pressiono os lábios e faço um "Mmmm". Ficamos eu e o nerd nos encarando por uns bons 15 segundos. "Fuck it" falei pro nerd.

Vou mandar essa merda e pagar os 395 e se eles não quiserem eu ligo pra eles e fico pentelhando pelo telefone ate eles encherem o saco da minha voz. Fui ate o Citibank na esquina e tirei 400 paus da minha conta. Paguei o geek e saí de cabeça entre os ombros olhando para os iPods da vitrine e uma câmera Cannon XL2, lamentando pra minha consciência.

Ao ir embora pra casa, coloquei o CD do Elliot Smith no disc-man pra ver se me animava um pouco. Tava chovendo na rua. O CD começou a pular.


Hoje:
Depois do concerto, a merda do computador funcionou como novo por um tempo e voltou a ficar capenga logo mais. Deixei el nos Estados Unidos na casa de uma ex-namorada.
Morando em Porto Alegre, tenho um MacBook Pro, não tenho o G5, tenho um iPod de 30 GB e a câmera Cannon XL2 é um tanto ultrapassada. Outra coisa - pra quem não sabe, o Elliot Smith se matou com uma facada no peito.

Wednesday, October 25, 2006

Pensamentos profundos

Outro dia eu sonhei que comia a tenista Maria Sharapova. Lá pelas tantas ela me pediu que eu mandasse nela um doggy style. Tive uma tremenda dificuldade. Me senti como um Fox magricelo tentando montar numa cadela da raça Dinamarques. Peguei um pequeno banco que tenho no meu quarto. Aquela mulher mal cabia na minha cama. Me fez lembrar a piada em que o macaco aposta com o outro que poderia comer a elefoa (?) enquanto o macaco bombeava feito um pornstar símio o colega de cima da árvore resolve jogar um côco na cabeça da elefoa (?) que protesta levantando a tromba e largando um grunido. O macaco lá de baixo se empolga e grita "goza, puta!"

"fluuuussssssssssshhhhh"... (barulho da descarga)

Friday, October 20, 2006

Right Where It Belongs

(To com essa música do Nine Inch Nails na cabeça.)

See the animal in it's cage that you built
Are you sure what side you're on?
Better not look him too closely in the eye
Are you sure what side of the glass you are on?
See the safety of the life you have built
Everything where it belongs
Feel the hollowness inside of your heart
And it's all
Right where it belongs

[Chorus:]
What if everything around you
Isn't quite as it seems?
What if all the world you think you know
Is an elaborate dream?
And if you look at your reflection
Is it all you wanted to be?
What if you could look right through the cracks?
Would you find yourself
Find yourself afraid to see?

What if all the world's inside of your head
Just creations of your own?
Your devils and your gods
All the living and the dead
And you really are alone
You can live in this illusion
You can choose to believe
You keep looking but you can't find the woods
While you're hiding in the trees

[Chorus:]
What if everything around you
Isn't quite as it seems?
What if all the world you used to know
Is an elaborate dream?
And if you look at your reflection
Is it all you wanted to be?
What if you could look right through the cracks
Would you find yourself
Find yourself afraid to see?

Nine Inch Nails Lyrics

Friday, September 29, 2006



O Allan Sieber que me desculpe - vou ter que roubar essa tirinha dele. Diz muito a meu respeito. Interpretem como quiser.

Monday, September 18, 2006

Baladinhas

Quando viu a luz amarela no sinal ele diminuiu a velocidade. E antes que a luz fosse pro vermelho o carro já estava parado na faixa em ponto-morto. Quando Don’t Think Twice It’s Alright do Bob Dylan começou a tocar no CD ele já pensava em Mariana – só não tinha percebido até então. Recapitulou as poucas palavras que disseram um ao outro – “Tu passa aqui em casa?” “Te pego as nove.” Antes disso foram mais frases esquivas. Tudo com um certo bom humor, tinham combinado de irem juntos ao aniversário de uma amiga. Mas nada daquilo era o que ele queria dizer. O que não foi dito era que ele não estava nem um pouco interessado naquela amiga dela. Ele queria dizer que gostaria viajar com ela pra um sítio em São Francisco de Paula, ou pra Praia do Rosa, deitar na grama, ou na rede, dividir os fones do iPod e ficar dedicando músicas como um programa de rádio cafona. “Tu conhece essa?” E muito estrategicamente entra o Van Morrison cantando Astral Weeks ou o próprio Dylan cantando You Belong to Me – da trilha do Assasinos por Natureza; The Cure com Pictures Of You ao vivo, Small Sins com Stay, Bloc Party com Blue Light. E no segundo seguinte não pensou em mais música alguma. Sofreu “com a alma atarantada”, mesmo não tendo passado em momento nenhum pelo seu pensamento o famoso blues tremendão Erasmo Carlos – mas sim a razoável noção de que essas situações não sairiam do campo da sua imaginação. “O merda”, lamuriou pra si.

A buzina do carro de trás o acordou para a luz verde no sinal. Antes de engatar a primeira, percebeu que o vidro já começava a embaçar e lamentou com um suspiro por estar frio e chuvoso em Porto Alegre.

Ao final da Avenida Getúlio Vargas, antes de entrar a esquerda na José de Alencar, Bob Dylan vai começar a cantar Lay, Laydy Lay, e ele vai estar completamente apaixonado por Mariana. Imaginando ouvir com ela o barulho do mar misturado ao do ventilador em algum feriadão de novembro. Ela deitada pelada do lado dele com marquinhas brancas do biquíni.

Thursday, September 14, 2006

Check this shit out!!!

Monday, September 11, 2006

Isso É Mais Difícil do Que Eu Imaginava

Fevereiro de 2005

Hoje era o meu dia de folga. Segunda-feira. Mas me chamaram pra trabalhar de qualquer jeito. Não sei porque. Nevou pra caralho desde o meio dia. O que indicaria que seria uma segunda-feira muito fraca em qualquer restaurante de Manhattan. Mas eu fui de qualquer maneira porque também eu nao tava fazendo porra nenhuma em casa. Não. Mentira. Na
verdade eu tenho ocupado meu tempo com algumas coisas que, a principio, podem parecer pouco interessantes, mas que, vai saber. Desde que comprei meu laptop-G4-usado nao desgrudo da internet. Tenho tido conversas longas no MSN sobre assuntos semi-futeis, ou quase-intelectuais com mulheres lindas que provavelmente não me dariam a menor pelota não fosse pelo detalhe de estarem a meio planeta de distancia de mim. Tenho também desenvolvido uma pesquisa científica nos mais diversos sites pornográficos do planeta - um estudo antropológico, vamos colocar dessa maneira. E que antros!

Tem também um outro passatempo que eu adquiri neste ultimo final de semana. Poemas de geladeira. Eu explico. Pra variar, sempre que eu entro na Barnes & Noble eu acabo marchando numa grana - o que vem a ser pelo menos duas vezes por mês. Como nesse sábado eu andava meio duro acabei comprando por 9 dólares um conjuntinho de imãs de geladeira com diversas palavrinhas, que se podem combinar fazendo as mais diversas frases. Na minha primeira tentativa escrevi: "Let me begin to entertain you with beautiful words of magic, romance, mystery and ancient wisdom" (que quer dizer - 'Deixe me
começar a entrete-los com belas palavras de magica, romance, misterio e sabedoria anciã'). Na minha segunda tentativa escrevi: "This is more difficult than I imagined" ('Isso é mais dificil do que imaginei'). Meu roommate Seth chegou em casa mais tarde e escreveu uns poemas de verdade. Um pouco mais profundos.

Bom. São 12:26 da madrugada de terça feira. Estou sentado na minha cozinha tomando um vinho do porto e retomando o meu habito de relatar os acontecimentos da minha vida. Lutando arduamente pra não voltar ao meu estudo antroponológico.

Anyway. No caminho de volta pra casa, defendendo o rosto dos flocos de neve assassinos que voavam com violência contra o meu rosto eu me imaginava na cozinha de minha casa, tomando um porto, olhando a melancolia da neve e o silencio dessas noites - e me via dentro de um conto do Sérgio Faraco. Só faltava um cigarro - não que eu fume (eu na verdade odeio cigarro), mas ficaria mais gráfico. Aquela fumaça - aquele ar maldito. Enfim.

Caminhava pela oitava avenida ouvindo o CD do Portishead. Meu sobretudo preto voava, quase em câmera lenta - eu diria uns 36 quadros por segundo. Dei um tapa no meu casaco pra tirar um pouco da neve e acabei desligando o meu Disc-Man. A pilha tava fraca e portanto não ligou mais. Entrei numa Deli pra comprar novas pilhas, mas parei por um minuto folheando o New York Times. O mexicano-careca-tatuado que estava no caixa perguntou se eu iria comprar o jornal. Respondi com firmeza que iria comprar - apesar de não querer comprar comprar a porra do jornal. Voltei para o Brooklyn no trem L lendo a cobertura do Oscar, com a importância merecida que só o New York Times poderia dar a um evento desses - quase nenhuma. Duas paginas.

Nas cinco quadras entre a estacao do metro e a minha casa, pisando na neve fazendo aquele barulinho "prrff-prrfff-prfff" em cada pegada que eu dava pensei em muitas coisas. Pensei em fevereiro. Lembrei do meu pai me ligando de na beira de praia em Garopaba. Lembrei de tudo que eu tinha que lembrar de escrever antes de esquecer. Tentei me lembrar do Carnaval, mas o que veio na minha cabeça foi o show do Sérgio Mendes que eu vi no Blue Note no inicio do mês - pensei "sai da minhá frente que eu quero passar". Lembrei que ha uma semana eu fiz mais um aniversário e que eu tô com vinte e nove, quase trinta e só o que eu consigo pensar nessas horas é "bah!" E duma hora pra outra eu simplesmente paro de pensar em tudo isso. Era bem na esquina da Graham com a Montrose. Eu tive uma idéia - queria fazer um vídeo naquela mesma noite. Um vídeo sobre essa noite de nevasca, em que eu intercalaria cenas melancólicas da noite fria com os poeminhas de geladeira. Mas o Seth, meu roommate que e dono da camera não tava em casa. Acabamos combinando por telefone de fazer o video amanhã. Espero que neve. Me fez lembrar uma redação que eu fiz na segunda serie do primário no Anchieta - se chamava "O Dia Frio". Ganhou um elogio da professora e meu vô enquadrou e ate hoje tá pendurada na parede do sitio de São Francisco de Paula, ao lado das boleadeiras e de uma foto que imagino ser do Albert Camus. Mas também posso estar enganado - com
quase trinta a memória já falha.

(Suspiro). Acho que vou pro meu quarto voltar pro meeu estudo antropológico. Boa Noite.


Marcello Lima
Brooklyn NY
Primeiro de Marco de 2005

Let's see...


eu estou tentando reaver o meu blog velho - já que a tentativa de um novo não rolou... Bom - lá vou eu... Vou botar uma foto pra ver se essa josta funciona mesmo...

aí!