Wednesday, July 28, 2004

Inspiration
 
Lou Reed's Dreamin' - Escape
 
If I close my eyes I see your faceand I'm not without youIf I try hard and concentrateI can still hear you speakI picture myself in your room by the chairyou're smoking a cigaretteIf I close my eyes I can see your faceyou're saying, "I missed you"Dreamin', I'm always dreamin'If I close my eyes I can smell your perfumeyou look and say, "Hi baby"If I close my eyes pictures from Chinastill hang from the wallI hear the dog bark I turn and say"What were you saying?"I picture you in the red chairinside the pale roomDreamin', I'm always dreamin'You sat in your chair with a tube in your armyou were so skinnyYou were still making jokesI don't know what drugs they had you onYou said, "I guess this is not the timefor long term investments"You were always laughingbut you never laughing at meThey say in the end the pain was so badthat you were screamingNow you were no saint but you deservedbetter than thatFrom the corner I watched them removing thingsfrom your apartmentBut I can picture you red chair and pale roominside my headIf I close my eyes I see your faceand I'm not without youIf I try hard and concentrate I can hear your voice saying"Who better than you"If I close my eyes I can't believe thatI'm here without youInside your pale room your empty red chairand my headDreamin', I'm always dreamin'Dreamin', I'm always dreamin'Dreamin', I'm always dreamin'
Fragmentos de um roteiro 1
 
Outer Space

We see a man sitting on a Brooklyn rooftop. He wears a T-Shirt that reads 'Alter Ego'. He speaks to the camera. We don't know his name, we only know him as The Astronaut. As he tells his little story, we see him blindfolded in the middle of times square, or dressed as an astronaut walking the streets of New York.


The Astronaut:
I heard of this experiment done with astronauts. Actually it wasn't an experiment, it was part of their training. They'd take a guy blindfolded into the middle of this maze, right? And they would spin this guy around a few times and kill all the lights. And the poor guy would have to find his way out in the dark. And eventually, most of them would come out, because human beings have this natural sense of direction - something to do with the magnetism of the earth, or something like that. Anyway, these guys, the ones that would find their way out would be the ones that would get sicker in space. So they got discarded. And the ones picked to be in the missions and fly those magnificent aircrafts, are the ones that would remain lost in the middle of the maze.
Funny thing. This is some story that I never seemed to forget. Maybe I keep it in the back of my mind, telling myself that I'm on a space mission, or something. 'Cause, you know, sometimes I just walk out of the subway and I have no idea where is north, or south; and I have to walk some blocks reading the name of the streets - and thank god most of them are named with numbers. This maze.
 
FADE TO BLACK:

FILM CREDITS:        OUTER SPACE 
FADE IN:
 
EXT - CONEY ISLAND - DAY
 
(TO BE CONTINUED...)

Wednesday, July 14, 2004

Manhattan Conections

Bom. A noite em Nova Iorque funciona assim. Tem muitos Clubs onde rola a maior mulherada. Lugares onde a fauna presente eh a mais selecionada do mundo. Soh tem um problema - tu tem que ser um desses selecionados, se nao tu paga. Na maioria dos clubs, boates, etc, a cena eh a mesma. Uma fila na porta, dois gorilas e algum pe-rapado abusando de seu poder seletivo - homem nao entra sozinho. E em alguns lugares soh entra como convidado e nao tem chorumela. Passando a porta, pra quem conseguir, paga-se em media de 15 a 30 dolares, dependendo do lugar, morto. Soh pra poder pisar la dentro. Lah dentro tudo tambem custa outra nota. Se tu quiseres uma mesa com uma garrafa de wisky, por exemplo, sai em torno de trezentos dolares. Ou fica-se bebericando no bar a noite inteira, mas a mulherada gosta eh de uem baixa trago nas mesas, nao tem conversa. De qualquer forma, pra uma noite bacaninha, eh bom estar preparado espiritualmente pra gastar no mínimo uns 60 dolares. Mas eh tudo uma questao de conhecer as pessoas certas - com uns bons canais tudo fica mais facil. Ateh em Porto Alegre eh assim.

Mas isso tudo eh uma introducao da historinha que eu vou comecar a contar agora.

Terca-feira, combinei de fazer uma historia com a Cris Cavalcanti e sua turma. Ela queria me apresentar um suico que ela tinha namorado por muito tempo e que estava com uma produtora em Genebra, fazendo uns trabalhos no Brasil e porque nao Nova Iorque. Como a Cris tinha um casting, fui direto me encontrar com o cara na Union Square Coffee Shop. Junto do Luzzos, que era o suico, estava o Roger Rodrigues, um gaucho que morou dez anos em Sao Paulo onde trabalhava como assistente de direcao (que nem eu). Ficamos os tres conversando enquanto esperavamos a Cris sentados em uma mesinha na rua curtindo aquela atmosfera viva e pulsante que eh a Union Square/University Place. Em poucos minutos ja sabiamos quem conhecia quem, quem tinha trabalhado aonde, com quais diretores, em que produtoras etc. Quando a Cris chegou, sentamos no gramado da Union Square e ficamos de papo-furado por mais uma meia hora. Comecamos a combinar pra sair. O Roger estava meio cabreiro, pois sua esposa estava viajando e ele andava saindo muito sozinho. O que que tem? - Pensei. Mas o cara continuava numas de vamos ver. "Eu vou ligar pra ela e sentir o clima, se eu achar que rola eu vou junto". "Que cara mais Paraiba" - pensei comigo mesmo. A Cris iria pra casa pois ia acordar cedo, eu tava pronto pra balada, apesar de nao ser nem 6 da tarde e o sol nao baixa antes das 8. O suico, que falava um portugues perfeito com sotaque do Rio, Tava nas pilhas de sair, faltava convencer o Roger, que descobriu que havia perdido a sua chave. Procuramos a chave pela grama, no Coffee Shop e nada. Nos despedimos da Cris e fomos caminhando ate a casa do Roger onde ele pediria para o zelador abrir a porta e veria se nao tinha esquecido a chave em casa. No caminho fomos conversando sobre a noite novaiorquina, mulherada, Brasil, putaria, cinema e mais mulherada. Aquele saudavel papo de homem, que no fundo no fundo quer dizer - quem arrota mais alto, quem come mais mulher, quem tem o pau maior. Mas enfim. O Roger comecou a contar de um aniversario que ele organizou pra mulher dele, e a mulherada que foi "eu achei que tinha morrido e tava no ceu" falou o cara. Eu suspirava com a lembranca de algumas gauchas que eu precisava ver naquela noite.
Quando chegamos ao ape do cara, ele nos ofereceu uma cerveja. Optei por uma agua - ainda era cedo. Enquanto ele procurava a chave, ligou o computador pra botar um som. Nos chamou proximo ao laptop e mostrou as fotos do aniversario de sua esposa. A imagem me pareceu familiar. Daniela Sarahyba, Ana Hickmann, e mais todo um time fortissimo. A esposa do cara era uma top-model das mais fodonas. "Tao afim de ver a Ana Beatriz Barros bebada mostrando os peitinhos?". Nao precisava resposta. Mais uns cliques e viamos ela toda pingucinha, coisa mais querida, com meia tetinha saindo pra fora do vestido. O que me vem a lembrar de um ditado portugues que eu ouvi ontem "Deem-me bebadas, que puta as faco eu". Ou coisa parecida. O que ficava na minha cabeca naquela hora era porque que eu nao estava ali naquela festa aquela hora? Continuei eu olhando o resto das fotos. As viagens do casal, os trabalhos, Ana Hickmann lavando louca na cozinha que estava atras de mim, "isso eh minha mulher sendo fotografada para a Sports Illustrated", o Joao Paulo Diniz com seus filhos. Joao Paulo Diniz? "Eh meu melhor amigo" respondeu o rapaz. A namorada do Diniz que morreu afogada era a melhor amiga da mulher do Roger. "Acho que eu encontrei a minha turma" - pensei mais uma vez. A chave nao tava lah, definitivamente. No final das contas estava no hotel do suico. Mas enquanto ainda estavamos na casa do Roger, ele nos perguntou onde queriamos sair, "na Marquee ou na PM?" que sao as boates mais fodas de Nova Iorque hoje. "Qual eh a melhor?" perguntei. "As duas sao boas, mas acho que a Marquee vai estar melhor hoje". Entao o cara ligou para os promoters das duas casas e arranjou para que nos entrassemos de graca e sem fila nas duas. Decidimos em ir somente na Marquee, e deixar a PM para uma outra noite. O Roger achava que deveriamos ir nas duas. Porem eu e o Luzzos achamos melhor nos concentrar em uma unica balada.

Enquanto escrevo esse relato, recebo um telefonema do Roger perguntando como havia sido a noite. Ele me disse que a festa na PM, da qual eu nao fui, era da Giselle Bundchen. Fazer o que?

Mas entao. Acabou que depois de levar o Suico pra comer um sushi barato (que acabou saindo caro, pois os putos abusaram); e um esquenta no McSorley's, que eh o bar mais antigo de Nova Iorque, tem 150 anos somente; fomos para o Marquee. O Roger foi pra casa - com uma mulher daquelas eu tambem nao me arriscaria ser pego fubanguendo por uma boate na terca-feira. Em frente a Marquee, demos uma ligada para o promoter, mas tivemos que esperar o cara chegar - ele tava numa festa na PM. Quando ele chegou, deixamos pra tras toda uma fila de homens e mulheres e ganhamos uma pulserinha para a ala VIP onde sentamos numa mesa com Vodka Turi liberada ao lado do rapper Jay-Z. Aquele que namora a Beyonce e canta "Can I get a hoo-hoo". Foi divertido - apesar de eu nao ter comido a Giselle Bundchen.
O que me faz concluir algumas coisas.

1 - Se voce vive como um fudido pe-rapado, voce eh um fudido pe-rapado.
2 - Se eu continuar vivendo como um fudido pe-rapado, eu vou ser isso pra sempre.
3 - Eu nao posso desperdicar meu verao trancado numa adega de vinhos portugueses. Preciso arrumar um outro trampo.
4 - Nunca concentre suas forcas numa unica balada. Voce pode perder a oportunidade de comer a Giselle Bundchen. Ou de dar umas porradas no Leonardo DiCaprio.
5 - Eh melhor o Karate. Do que nao te. (haha isso eu tirei de um velho fanzine que era publicado na Famecos).

Um grande Beijo
Marcello Lima

Nova Iorque 8 de julho de 2004.